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terça-feira, 21 de janeiro de 2014


Memórias de um Druida

 
Capitulo 3

 

Silencio. Espanto. Silencio.

Nenhum dos presentes conseguiu falar nada, não depois de saber com que estavam falando. Um nome que já não pode mais ser pronunciado, mas conhecido apenas por Espirito Guardião. Todos que estavam presentes no local sabiam quem era o Espirito Guardião. Por isso ficaram em silencio. Todos olharam para o garoto, em seguida olharam para o Ancião, esperando que ele conseguisse falar alguma coisa, mas nem mesmo ele se pronunciou. Olhava o garoto, com aquela aparência inocente, mas que escondia o ser mais poderoso que já habitou a Terra. O Ancião abriu a boca para falar, mas logo em seguida fechou. As palavras não saiam. Não conseguia desviar o olhar do garoto, nem ele nem qualquer um dos outros presentes.

O Espirito Guardião levantou-se, olhou pra todos a soa volta, sem falar nada. Olhou nos olhos de cada um e sentou-se novamente.

- Por que todo este espanto? – perguntou.

O Ancião voltou-se a ele e então, muito nervoso e com a voz tremula, lhe disse:

- Espanto e respeito, pois estamos diante da criatura mais poderosa existente neste e em qualquer outro mundo. Um dia histórico o que estamos presenciando. O dia que o protetor e guardião dos mundos voltou, voltou para nos ajudar.

Pensaram em se manifestar após as palavras do Ancião, mas acharam melhor permanecerem sentados. Estavam pensativos. Por que um ser tão poderoso escolheria um jovem garoto? Por que ele precisava do garoto? Por que não veio a este mundo na sua forma verdadeira? Todos estavam pensando nas mesmas perguntas. Até que ele resolveu se explicar:

- Todos devem estar curiosos para saber o porquê estou no corpo deste garoto. Não foi por acaso. Este garoto nasceu no dia e na hora certa em que consegui me manifestar neste mundo. Ele foi o escolhido para ser meu corpo terreno. Nada foi por acaso. Tudo esta seguindo o destino. Vocês o acharam por que deveriam achar. Criaram ele por que assim deveria de ser. E agora chegou a hora da revelação. De mostrar a ele tudo o que é capaz, graças a mim. Este garoto é minha reencarnação, e conforme as escrituras, assim deveria ser e assim será. Deverão treina-lo como um Druida e com o tempo vou mostrando meus poderes. E só quando chegar a hora certa é que ele deverá sabem o que esta em seu corpo.

Ao terminar de falar caiu. Desmaiado. Inconsciente. O Ancião e os demais foram socorrê-lo. E após alguns minutos ele acordou. Acordou mas já não tinha o mesmo olhar de antes. Seu olhar estava, novamente, normal. Continuavam sentindo a energia, mas seu olhar voltou e sua voz também. Sem saber direito o que tinha acontecido. Pouco se lembrava, e quando tentaram lhe contar o Ancião interrompeu, dizendo que deveria repousar, pois estava fraco e deveria recuperar as energias para a festa que aconteceria naquela noite.

A grande festa. A noite de Samhain. O ano novo celta. A maior celebração do calendário Druida. Todos na aldeia estavam preparando as coisas. Uma grande fogueira, abóboras com fisionomias humanas, bonecos de feno, velas e comida muita comida. Enquanto isso os Druidas preparavam as celebrações, os cânticos e bênçãos que deveriam ser entoados por todos naquela noite. A noite de Samhain marca o inicio do Inverno, ou o período de morte para os Celtas. Esta é à noite me que o véu entre o mundo dos vivos e o dos mortos fica mais fino e todas as almas podem passar para este mundo. Acreditam que as almas dos que se foram voltam para visitar seus entes queridos. Os Celtas fazem oferendas aos deuses para que cuidem e protejam a aldeia durante todo o inverno e para que guiem os entes queridos de volta ao mundo dos mortos antes do amanhecer, pois, segundo a crença, se as almas não retornarem até o nascer do sol elas ficam presas neste mundo atormentando a todos.

É uma festa marcada por canções, orações, musica e dança. Apesar de tratar-se de uma festa em referencia a morte, não há lugar para tristeza nesta noite. Os Celtas sabem lidar muito bem com a morte. Para eles é como uma passagem para Gaia, ou o paraíso. O portal para Gaia é uma arvore, geralmente o carvalho, pois para os Celtas o carvalho é a representação do deus Danu ou de Dana a deusa mãe, aquela que mostra o caminho do paraíso. Quando algum Celta morre ele é enterrado e sobre seu corpo é plantado uma arvore e posto uma pedra com seu nome e o nome de seus pais, assim como uma designação do que ele foi em vida. Um exemplo disso é Cuchulain que ficou conhecido como Filho de Lugh do Longo Braço, o Deus da Guerra. Era filho de Dechtiré, irmã do rei Conchobar, casada com Sualtan, o profeta. Acreditavam que quanto mais importante a pessoa havia sido em vida, e que quanto maior os seus feitos, maior a arvore ficava. Em outras palavras o tamanho da arvore demonstrava o tamanho dos feitos em vida.

O dia passava e já estava quase tudo pronto para o inicio da festa. As crianças estavam se pintando, como era o costume. As crianças se pintavam o rosto, pois nesta noite os demônios também vinham para terra e buscavam crianças que estivessem vivas e que fossem humanas. As pinturas nos rostos e no corpo faziam com que os demônios confundissem as crianças com outros demônios e não as levassem. Tudo isso eram crenças que com o passar do tempo foi mudando, mas a tradição de se pintar e se fantasiar perduram até os dias de hoje numa festa que conhecemos como Halloween. Voltamos àquela noite em especifico. As crianças estavam pintadas o centro da aldeia todo preparado seria uma das melhores festas de Samhain que já haviam preparado. Todos estavam sentados aguardando a chegada dos Druidas.

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